Disautonomias Pós-COVID

Disautonomias Pós-COVID: um excelente editorial publicado na revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia destaca que, nos últimos três anos, a comunidade científica internacional tem se dedicado a entender e tratar a infecção pelo SARS-COV-2. Durante esse tempo, observou-se um aumento no número de pacientes com sintomas multissistêmicos, persistentes, intermitentes ou tardios. Esses sintomas causam um comprometimento psico-funcional significativo nos pacientes e revelam o caráter crônico e imprevisível da doença.

Disautonomias Pós-COVID

Além disso, descreve-se a Síndrome Pós-COVID como uma condição que apresenta um número expressivo de queixas afetando diversos sistemas do corpo, incluindo o cardiovascular, genito-urinário, gastrointestinal, endócrino e nervoso, com severidades que podem variar.

Síndrome Pós-COVID

O autor fala sobre a Síndrome Pós-COVID, que se caracteriza por sintomas persistentes, multissistêmicos e imprevisíveis que comprometem a qualidade de vida dos pacientes. Citou estudos que, mostram muitos pacientes ainda apresentando sintomas mesmo meses após a alta hospitalar, como fadiga, dispneia, dor articular e torácica, entre outros. A síndrome Pós-COVID afeta todas as idades, mas predomina em pacientes entre 30 e 50 anos que tiveram infecção aguda leve. Pacientes que precisaram de internação ou ventilação mecânica apresentaram três vezes mais queixas psiquiátricas, como depressão e ansiedade, do que aqueles com sintomas leves ou moderados.

O texto enfoca a ação do vírus no sistema nervoso central, que pode causar alterações na propagação dos impulsos elétricos das sinapses neurais e alterações psico-cognitivas e autonômicas. Além disso, o sistema nervoso autônomo também pode ser afetado pela infecção. Com a liberação exacerbada de catecolaminas causando vários sintomas, incluindo taquicardia, dispneia, intolerância ortostática e síncopes.

A ação do vírus no sistema nervoso pode causar alterações psico-cognitivas, autonômicas e comprometer os reflexos autonômicos. Já no sistema cardiovascular, existem evidências de redução da volemia e do controle vasomotor, o que pode gerar fadiga, mialgia, hipotensão e síncope. Além disso, estudos recentes observaram níveis baixos de cortisol no sangue de pacientes portadores de COVID longa, indicando disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. A disfunção autonômica pode ser mediada pela ação direta ou indireta do vírus. Essas complicações pós-infecção assemelham-se às afecções pós-infeciosas já conhecidas e exigem reconhecimento como extremamente limitantes.

É fundamental reconhecer precocemente as Disautonomias Pós-COVID, pois os sintomas podem durar meses e afetar a qualidade de vida dos pacientes, bem como suas relações profissionais e sociais. Portanto, é importante que pessoas que apresentem um ou mais sintomas após exposição ao vírus ou à vacina sejam avaliadas com atenção, mesmo que tenham sido oligo ou assintomáticas.

Tilt Table Test

Recomenda-se o Teste de Inclinação (Tilt Table Test) para diagnosticar disautonomias neurogênicas e cardiovasculares, sendo útil na confirmação diagnóstica quando o exame físico não identifica o problema no paciente. Além disso, profissionais de saúde devem realizar um protocolo ampliado – Avaliação Autonômica – para identificar os mecanismos da intolerância ortostática do paciente. Eles devem usar sistemas de monitorização e aquisição de sinais contínuos, juntamente com softwares especiais, para medir hemodinâmicas e calcular a função autonômica completa. Para detectar alterações da resistência microvascular e obstruções dinâmicas ao fluxo sanguíneo, o uso do Doppler Transcraniano é indicado.

Task Force Cardio
Task Force Cardio

Uma equipe multidisciplinar com experiência em métodos diagnósticos e manejo de pacientes crônicos deve realizar o diagnóstico precoce da síndrome Pós-COVID. Pacientes com esta síndrome apresentam condições médicas complexas e necessitam de cuidados integrativos. A raridade de serviços especializados gera atrasos no tratamento. Portanto, a comunidade cardiológica precisa estar atenta ao diagnóstico precoce e trabalhar ativamente na implementação de programas de recuperação especializados.

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Autor do artigo: Denise Hachul


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