Introdução

As empresas familiares são, por excelência, o pilar da economia brasileira. Segundo dados do SEBRAE e do IBGE, elas representam cerca de 90% das empresas nacionais, respondendo por 65% dos empregos gerados e 30% do PIB. Ainda assim, apenas 30% sobrevivem à segunda geração e menos de 15% alcançam a terceira. Diante dessa realidade, o papel dos conselhos, em suas diferentes configurações, torna-se vital para garantir governança, sustentabilidade e continuidade do legado familiar.

A complexidade do sistema família-empresa-propriedade

A base conceitual das empresas familiares está representada no modelo dos três círculos de Davis e Tagiuri, que distingue os sistemas de família, empresa e propriedade. Esses subsistemas são interdependentes e, justamente por isso, carregam grande potencial de conflito, sobreposição de papéis e desequilíbrio de poder se não forem geridos com maturidade e estrutura formal.

O Conselho surge como órgão de equilíbrio e mediação, capaz de organizar demandas, construir consensos e dar direcionamento estratégico sem perder a identidade familiar.

Evolução geracional: do poder centralizado à governança estruturada

As empresas familiares percorrem, em geral, uma trajetória que vai da fundação ao crescimento, passando por expansão, sucessão e profissionalização. Nas primeiras gerações, é comum que o fundador concentre poder e tome decisões intuitivamente, muitas vezes sem estrutura de governança.

À medida que a empresa cresce e novos familiares se integram (ou divergem), aumentam os riscos de conflitos, perda de identidade ou estagnação estratégica. É nesse ponto que o Conselho Consultivo, de Administração ou de Família deve ser instituído como um fórum legítimo e funcional para tratar:

  • Sucessão e transição;
  • Governança e protocolo familiar;
  • Estratégia e alocação de capital;
  • Mediação de conflitos e preservação do legado.
Conselho em Empresas Familiares
Conselhos em Empresas Familiares

Tipos de conselhos em empresas familiares

Cada tipo de conselho tem um papel claro:

  • Conselho Consultivo: apoia estrategicamente, sem poder decisório. É um excelente ponto de partida para empresas que estão em transição ou que ainda não têm governança formal.
  • Conselho de Administração: atua com poder deliberativo e responsabilidade fiduciária, integrando executivos e conselheiros independentes.
  • Conselho de Família: trata de temas patrimoniais, de sucessão e governança familiar.
  • Conselho Fiscal: tem foco em conformidade e prestação de contas.

O importante é reconhecer que cada fase da empresa exige um tipo de conselho diferente, e que um bom conselho se adapta, sem jamais perder a perspectiva de longo prazo.

Desafios, vícios e armadilhas mais comuns

Empresas familiares frequentemente enfrentam:

  • Sucessão mal planejada ou adiada;
  • Conflitos entre irmãos ou herdeiros;
  • Resistência à profissionalização e à entrada de não familiares na gestão;
  • Conflito entre a lógica afetiva e a lógica do negócio;
  • Falta de distinção entre papéis (sócio, gestor, herdeiro, colaborador).

Por isso, um conselho eficaz deve equilibrar racionalidade e sensibilidade, acolhendo a história da empresa sem permitir que o passado impeça sua evolução.

O papel do conselheiro em empresas familiares

O conselheiro ideal combina:

  • Visão estratégica e neutralidade emocional;
  • Capacidade de escuta e mediação de conflitos;
  • Entendimento das dinâmicas familiares e da psicologia organizacional;
  • Compromisso com a longevidade e o propósito da empresa.

Ele não apenas ajuda a tomar decisões melhores, mas constrói pontes entre gerações, interesses e visões distintas.

Conclusão

A implementação de conselhos bem estruturados em empresas familiares não é apenas uma boa prática de governança, é um movimento estratégico para garantir a sustentabilidade do negócio, a harmonia das relações familiares e a longevidade do legado construído. Em contextos onde a emoção, o poder e o patrimônio se entrelaçam, o papel do conselho se revela como ponte entre gerações, bússola estratégica e mecanismo de profissionalização.

O sucesso das empresas familiares que ultrapassam a segunda ou terceira geração está diretamente associado à capacidade de institucionalizar decisões, promover diálogos qualificados e antecipar conflitos. Nesse sentido, conselhos atuantes, éticos e com diversidade de perspectivas tornam-se verdadeiros diferenciais competitivos.

Mais do que estruturas formais, os conselhos são espaços de confiança, coerência e visão de futuro, atributos indispensáveis para transformar empresas familiares em organizações perenes e relevantes no ecossistema empresarial brasileiro.


Nota sobre a elaboração do texto: Este texto foi feito a partir do artigo original em referência. Além disso, utilizamos uma ferramenta de Inteligência Artificial para revisar e aprimorar o conteúdo. Revisamos manualmente todo o material para garantir a precisão e clareza das informações.


Referência e leitura complementar

Conselhos em Empresas Familiares – PFCC, (2025) – Udo K. Gierlich

SEBRAE / IBGE – Panorama das Empresas Familiares no Brasil, 2023

PwC Empresas Familiares

Board Academy

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